RESUMO
A situação alimentar e nutricional da população no Brasil vem mobilizando a atenção de estudiosos e a ação pública na direção de solucionar os efeitos da transição nutricional e epidemiológica, com a emergência crescente das doenças crônicas não transmissíveis e a permanência da desnutrição e carências nutricionais. A atenção básica tem se fortalecido como o espaço privilegiado de enfrentamento desse quadro, e um dos desafios para efetivação da atenção básica à saúde é a dificuldade de fixação de profissionais médicos em municípios localizados à maior distância dos grandes centros urbanos e em condições de maior vulnerabilidade social, o que faz supor maiores problemas também em termos de insegurança alimentar e nutricional. Com a implementação do Programa Mais Médicos, passa-se a contar com médicos nessas áreas. Assim, o objeto do estudo é discutir, na perspectiva de médicos do Programa Mais Médicos, a atenção nutricional nesse contexto, investigando as práticas que estão incorporando a esse título em sua atuação na atenção básica à saúde ao serem inseridos no cotidiano do Sistema Único de Saúde. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa de abordagem qualitativa exploratória, com entrevistas semiestruturadas realizadas com médicos do Programa em duas etapas, em três municípios selecionados do interior do estado da Bahia. Para análise dos dados foi utilizado o software Atlas.ti como suporte, integrado à Grounded Theory. Os resultados demonstraram um perfil de profissionais preocupados com as limitações do Sistema Único de Saúde que reconhecem a importância dessa política na assistência dos brasileiros. Foram várias as práticas relatadas em atenção nutricional, e suas abordagens sugerem a ampliação da compreensão de saúde para além de conteúdos específicos da adequação alimentar e nutricional, estes mais presentes nas falas dos brasileiros.
